Sobre nós... e os livros.


Os livros sem palavras.
O incentivo à leitura deve reservar um espaço para as não-palavras também. Ler imagens pode ser ainda mais difícil e desafiante para a criança


Por Cristiane Rogerio para Revista Crescer

Estive em Buenos Aires semana passada e visitei, claro, a grande El Ateneu, a livraria histórica argentina. Emocionei-me na estrutura do antigo teatro mas, claro, corri para a parte intitulada El Ateneu Junior, espaço dedicado à criança. Havia muitos títulos que já conhecia, mas um tantão que nunca ouvi falar. Assim conheci – e comprei, claro – Formas, de Claudia Rueda, uma ilustradora espanhola.

O livro, como o nome diz, explora as formas para criança. Apresenta, reapresenta, mistura, junta, separa. E, o melhor: conta uma história com ela. E não uma história óbvia. Uma história com certo mistério e surpresa. Ao mesmo tempo cheio de graça e delicadeza. Como diz na contracapa: “um conto sem palavras sobre encontros e desencontros com formas que dará muito o que falar”.

Adorei esta brincadeira de “sem palavras” e “dar o que falar”. Porque é isso mesmo: em um livro sem imagens, quanto mais você não disser, mais terá a dizer. E isso é ferramenta sem fim para criança se desenvolver. Formas estimula a criatividade de um jeito incrível: uma menina sai de casa com uma forma nas mãos, encontra outras pessoas que carregam outras formas, e nós percebemos isso por que está tudo em cinza e branco e somente as formas estão em cor. Ou seja, ela não está inventando uma formato maluco de nada: a criança vai poder, por exemplo, comparar a forma vista no livro com a forma das coisas à sua volta. E se divertir. Por isso um brinquedo vira um peixe que vira um balão. E, na imaginação da criança, pode virar ainda mais coisa.

Livros sem imagem podem jogar a criança para o “depois”. Ela lê e conta. Lê de novo e reconta. Começa, termina, mistura. Ela lê e desenha. Lê e cria. E é isso que vale a pena.

Postado por Renata F. Taborda em 28/04/2010


O encantamento da leitura em voz alta

"Ler em voz alta é oferecer à escuta do maior número posível de adultos e jovens, relatos breves, contos e trechos de romances.
É também produzir faíscas que deem vontade de ler, de abrir a via dos livros, por onde circulam a troca e as idéias. Mas também é, no coração de cidades e vilarejos, nas empresas, nos cafés, em toda parte, inscrever-se como um transmissor"
Marc Roger - La Voie des Livres      
(La Voie des Livres é uma companhia francesa de leitores públicos).


O Instituto Ecofuturo, desenvolveu em parceria com Marc Roger  no projeto Primavera - Ler é Preciso, vários encontros para a promoção da leitura em voz alta no Brasil.















Leia mais no link:
http://www.ecofuturo.org.br/imprensa/noticias/ENTREVISTA%20COM%20MARC%20ROGER.pdf

Postado por Fga. Renata F. Taborda em 22/04/2010




Crianças, as campeãs de leitura

Revista Isto É - 19/05/2009
Nas avaliações sobre língua portuguesa, os estudantes brasileiros costumam ter desempenho ruim em redação e compreensão de texto, uma das consequências dos baixos índices de leitura no País. Um levantamento inédito coordenado pelo Observatório do Livro e da Leitura (OLL) mostra que a nova geração pode ajudar a mudar este quadro. Segundo a pesquisa, as crianças são os que mais leem no Brasil: 6,9 livros por ano na faixa entre cinco e dez anos e 8,5 livros por ano entre 11 e 13 anos (leia quadro ao lado). "Nossa experiência sugere um aumento no índice de leitura entre as crianças nos últimos anos", diz Galeno Amorim, diretor da OLL.

Pesquisador da área de educação, Amorim debruçou-se sobre números da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada no ano passado, que ouviu 5.012 pessoas no País. Os dados trazem uma mensagem aos editores, professores e gestores de políticas públicas: ler para a criança é fundamental para a formação de uma sociedade afeita às letras. De acordo com a pesquisa, dois em cada três leitores se recordam dos pais ou adultos envolvidos com livros em casa. Na mesma proporção, quem não tem esta lembrança da infância, também não desenvolveu o hábito.

(...)O conteúdo das obras também tem contribuído para que os leitores mirins se apeguem aos livros, pois as histórias, hoje, exigem uma reflexão maior. "Antigamente, tudo parecia estar no seu devido lugar: a bela adormecida sempre esperava o príncipe", diz a professora de literatura Regina Dalcastagnè, da Universidade de Brasília (UnB). "Felizmente, o dragão agora aparece também como bonzinho"...
Fga. Renata Falótico Taborda
Espiral: Núcleo Interdisciplinar de Aprendizagem
nucleoespiralaprendizagem@gmail.com



 
Ler por prazer, como fazer acontecer?

Em tempos como estes, em que a criança é cercada de informações e apelos dos mais diversos meios de comunicação, onde tudo é apresentado pronto, o papel do professor se ampliou, pois além das abordagens pedagógicas, ele precisa conquistar as crianças para prazeres mais simples e não menos importantes, como a leitura dos livros.

Imersos em um contexto cultural, repleto de modelos a serem seguidos, percebemos a necessidade de resgatar o “ser” em cada indivíduo, seus verdadeiros desejos, pensamentos e reflexões. Assim, vemos o livro, o ato de ler, como uma grande possibilidade para essa tarefa, pois ela permite a relação reflexiva do eu com o outro e com o mundo, na identificação com as personagens, contextos, situações e conflitos das histórias – inseridas nas leituras, as crianças falam sobre seus incômodos sem vergonha ou medo.

O nosso objetivo é construir com os leitores a descoberta da fonte de prazeres contida dentro do mundo da literatura, através da sedução e da conquista.

Heloisa Paes Leme -Professora especialista em literatura infanto-juvenil.
Espiral: Núcleo Interdisciplinar de Aprendizagem
nucleoespiralaprendizagem@gmail.com




Olhos de Ouvinte

Certa vez, uma professora revelou o seguinte segredo...

Da minha época de escola? Ah.....
A grande lembrança da minha época da escola são os olhos da minha professora quando lia uma história para a turma.

Os seus olhos transitavam das páginas do livro para a turma, da turma para as páginas do livro, num passeio suave, quase um bailado. Do livro para a turma, da turma para o livro, sem que a leitura sofresse qualquer tropeço. Suave bailado, das páginas do livro para a turma, da turma para as páginas do livro...

E eu torcia para que os seus olhos de leitora esbarrassem nos meus olhos de ouvinte – e eles sempre se esbarravam, e até demoravam uns nos outros.

Cheguei a imaginar, na minha imaginação de menina, que a história também estava escrita nos nossos olhos. Era como se a história estivesse sendo lida, alternadamente no livro e nos ouvintes.

Cheguei a imaginar, na minha imaginação de menina, que as páginas do livro eram os ouvintes da história que a professora lia nos nossos olhos. Isso mesmo: o livro era o ouvinte da história que a professora lia na gente. Nós éramos os livros, obras vivas, vivíssimas!

O tempo foi passando, passando...

Aqueles sentimentos provocados pela professora-leitora me ligaram eternamente à palavra escrita, e me fizeram trazer a leitura para esse território íntimo de nossas vidas, onde só circula o que é essencial – como, por exemplo, a amizade.

(Autor: Chico Francisco dos Bonecos Marques)

Heloisa Paes Leme - Professora especialista em literatura infanto-juvenil.
Espiral: Núcleo Interdisciplinar de Aprendizagem.